Custos do tratamento da úlcera venosa

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As úlceras venosas (UVs) podem ser de difícil cicatrização e, muitas vezes, o paciente convive com esta lesão por anos sem obter a cicatrização. Estima-se que elas sejam responsáveis por aproximadamente 70% a 90% das úlceras crônicas de membros inferiores. A incidência desta lesão aumenta com a idade, sendo maior na faixa de 65 a 70 anos, atingindo mais as mulheres. Além disso, esse tipo de úlcera apresenta recorrência em aproximadamente 70% dos casos. 1,4

A pessoa com úlcera venosa é atendida com frequência para consultas médicas e de enfermagem, trocas de curativos com sucessivas mudanças do tratamento tópico e, as vezes, sem a associação de qualquer terapia de compressão. 2 

O impacto de uma UV representa custos sociais, pessoais, financeiros e psicológicos para o indivíduo e um custo adicional para o sistema de saúde. Isso traz o desafio de fornecer um serviço padronizado para essas úlceras e que ofereça tratamento baseado em evidências. É reconhecido que existem variações nas práticas e barreiras que impedem a implementação das melhores práticas. 5 

As estimativas colocam os custos totais para o tratamento de úlceras venosas em 1% dos orçamentos de saúde em muitos países industrializados. 3No Reino Unido, as UVs custam £ 168-198 milhões por ano, já na Alemanha, o custo médio anual da doença para um paciente com úlcera de perna foi estimado em 9.060 euros. Estima-se que os custos anuais para o tratamento de UVs atinjam entre 2,5 e 3,5 bilhões de dólares nos Estados Unidos4,6. Os custos exatos do tratamento de feridas no Brasil ainda são pouco conhecidos devido aos escassos estudos nessa área,6 mas o sistema de saúde sente um alto impacto com a cronicidade desses pacientes. 

Para que se possa reduzir os custos e aumentar a efetividade do tratamento de UVs, é essencial que os profissionais da saúde conheçam os fundamentos da Economia da Saúde e introduzam este conhecimento em sua prática profissional.5,6 

Na maioria das vezes, as instituições de saúde optam por intervenções de menor custo no tratamento de UVs, sem analisar minuciosamente a efetividade dos diferentes tratamentos. Em muitos casos, a intervenção de menor custo não será a mais efetiva e sua utilização poderá retardar o processo de cicatrização da lesão. Quando o processo de cicatrização da ferida atrasa, o custo total do tratamento pode se tornar mais alto do que o custo de um tratamento no qual uma intervenção mais efetiva e de maior custo é utilizada desde o início.6 

Os profissionais de saúde e as instituições devem basear-se em diretrizes e consensos para orientarem a sua prática clínica e estar habituados com uma prática efetiva. Esses julgamentos sistemáticos podem ajudar no desenvolvimento de políticas e na tomada de decisões, melhorar a comunicação, reduzir erros e melhorar os resultados dos pacientes.5 

Referências 

  1. Chacon, J. M. F., Blanes, L., Borba, L. G., Rocha, L. R. M., & Ferreira, L. M. (2017). Direct variable cost of the topical treatment of stages III and IV pressure injuries incurred in a public university hospital. Journal of Tissue Viability, 26(2), 108–112. https://doi.org/10.1016/j.jtv.2016.12.003 
  2. Franks, P., Barker, J., Collier, M., & Al., E. (2016). Managemetn of patientes with venous leg ulcers: Challenger and current best pratice. J Wound Care, 25(6), 1–67. 
  3. Ma, H., O’Donnell, T. F., Rosen, N. A., & Iafrati, M. D. (2014). The real cost of treating venous ulcers in a contemporary vascular practice. Journal of Vascular Surgery: Venous and Lymphatic Disorders, 2(4), 355–361. https://doi.org/10.1016/j.jvsv.2014.04.006 
  4. Paulo, U. D. S., & Paulo, S. (2007). Revista Latino-Americana de Enfermagem ISSN : 0104-1169 Universidade de São Paulo Brasil Urizzi , Fabiane ; Corrêa , Adriana Katia Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revi. 
  5. Guest, J. F., Fuller, G. W., & Vowden, P. (2018). Venous leg ulcer management in clinical practice in the UK: costs and outcomes. International Wound Journal, 15(1), 29–37. https://doi.org/10.1111/iwj.12814 
  6. Todd, M. (2018). Assessment and management of older people with venous leg ulcers. Nursing Older People, 30(5), 39–48. https://doi.org/10.7748/nop.2018.e1004 

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