Custos do Tratamento de Lesão por Pressão

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A literatura define lesão por pressão (LP) como um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico. Esse tipo de lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como uma úlcera aberta; A LP ocorre como resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento.1   

Essas lesões geram diversos impactos negativos para os pacientes e para os serviços de saúde como: 

  • Prolongamento do tempo de internação ou alta taxa de reinternação; 
  • Maior consumo de recursos humanos e materiais; 
  • Altos custos para os serviços de saúde, com custos adicionais de tratamento; 
  • Diminuição da qualidade de vida e impacto emocional para o paciente; 
  • Aumento da taxa de morbimortalidade. 

De acordo com a Wound, Ostomy and Continence Nurses Society (WOCN), a maioria das LPs são evitáveis por meio da implantação de protocolos e medidas preventivas.2 Embora a evolução dos cuidados de saúde seja constante, o registro de novos casos ainda é subnotificado e a ocorrência das LPs permanece elevada, particularmente nos pacientes hospitalizados.3 No cenário internacional a prevalência varia de 5,0 a 15%, e a incidência de 1,9 a 7%. Já os estudos nacionais revelam prevalência de 11,1% a 23,2% e incidência de 22,5% a 66,6%.4  Além disso, a LP é considerada  um evento adverso em saúde, sendo os estágios 3 e 4 considerados eventos que nunca deveriam acontecer dentro da assistência à saúde.5 

Em abril de 2013, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente, tendo como um dos objetivos o monitoramento da incidência de LP, buscando reduzi-la em pacientes dentro das instituições hospitalares. Alguns dados nacionais e pesquisas ainda são incipientes ou localizadas. No Brasil, em um estudo realizado em uma UTI de um hospital-escola da cidade de São Paulo em 2012 foi observada uma incidência de LP de 41% e após a implementação de um protocolo de boas práticas em prevenção, a incidência foi reduzida para 23,1%, evidenciando cada vez mais a necessidade de se implementar medidas preventivas.4 

 

 O DESAFIO DOS CUSTOS PARA AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE  

O custo investido no gerenciamento da LP representa um grande desafio para as instituições de saúde e a sua gestão é fundamental para o processo decisório na utilização de tecnologias para prevenção, incluindo o uso de curativos multicamadas. Portanto, é imprescindível a discussão a respeito da criação de protocolos, bem como dos custos associados ao tratamento.6 

Um outro estudo publicado em 2012, evidencia que anualmente, nos Estados Unidos, a LP acomete 2,5 milhões de pacientes por ano, custando de US$ 500 a US$ 150.000 para tratamento por caso, totalizando um custo de US$ 11 bilhões.7 Na literatura, algumas publicações estimam o custo das LP no Brasil. Em um desses estudos o custo médio por paciente variou de R$98,90 a R$180,00 por dia, sendo esse aumento proporcional ao estágio da LP, ou seja, ao comprometimento tecidual.6 Já outro estudo realizado em Minas Gerais, identificou um gasto mensal entre R$915,75 a R$36.629,95, estimando gastos anuais de R$445.664,38,  desconsiderando os custos com recursos humanos e físicos, como água, luz, entre outros.8 

A implementação de protocolos clínicos e a familiaridade com essa ferramenta mostraram a redução na incidência de LP nos EUA, gerando uma economia de US$ 55/paciente por dia em relação ao custo do tratamento de feridas de espessura total (> US$ 300/paciente por dia na média). Diversos hospitais de cuidados críticos puderam observar a redução significativa de novos casos de LP estágios 3 e 4 adquiridos em hospitais, após a adoção de medidas preventivas que incluem o uso de curativos de espuma multicamadas na região sacral.9 

Os dados encontrados na literatura revelaram uma diminuição significativa na incidência de LP em instituições que adotaram medidas preventivas e realizaram a implementação de protocolos clínicos, incluindo o uso de coberturas multicamadas para prevenção. Isto  confirma que essas ferramentas são fundamentais e impactam no controle da incidência de LP e redução de custos, quando utilizadas de forma sistemática e complementar9 e estas ferramentas são replicáveis a nível domiciliar, otimizando recursos e diminuindo a morbimortalidade relacionada a essas lesões. 

Referências: 

  1. Bates C, Yates R. DOCUMENTO DE CONSENSO O papel das coberturas na prevenção da lesão por pressão. . 
  2. Stevenson K, Iiwcc BN. Pressure ulcer prevention : when are we negligent ? Wound Care Canada 2009; 7: 30–2. 
  3. Rocha JA, Miranda MJ, Andrade MJ. Abordagem terapêutica das úlceras de pressão – Intervenções baseadas na evidência. Acta Med Port 2006; 19: 29–38. 
  4. Marisa N, Rogenski B, Kurcgant P. Incidência de úlceras por pressão após a implementação de um protocolo de prevenção. 2012; 20. www.eerp.usp.br/rlae. 
  5. Duarte S da CM, Stipp MAC, Silva MM da, Oliveira FT de. Eventos adversos e segurança na assistência de enfermagem. Rev Bras Enferm 2015; 68: 144–54. 
  6. Lima ACB, Guerra DM. Avaliação do custo do tratamento de úlceras por pressão em pacientes hospitalizados usando curativos industrializados. Cien Saude Colet 2011; 16: 267–77. 
  7. Lyder CH, Wang Y, Metersky M, et al. Hospital-acquired pressure ulcers: Results from the national medicare patient safety monitoring system study. J Am Geriatr Soc 2012; 60: 1603–8. 
  8. Costa AM, Matozinhos ACS, Trigueiro PS, Cunha RCG, Moreira LR. Custos do tratamento de úlceras por pressão em unidade de cuidados prolongados em uma instituição hospitalar de Minas Gerais. Enferm Rev 2015; 18: 58–74. 
  9. Padula W V. Effectiveness and Value of Prophylactic 5-Layer Foam Sacral Dressings to Prevent Hospital-Acquired Pressure Injuries in Acute Care Hospitals: An Observational Cohort Study. J Wound, Ostomy Cont Nurs 2017; 44: 413–9. 

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