Custos relacionados ao pé diabético no Brasil

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De todas as complicações crônicas relacionadas ao diabetes mellitus, o pé diabético é a mais frequente, estando associado à morbidade, mortalidade e custos significativos. 

O pé diabético inclui uma série de condições clínicas resultantes da doença arterial periférica e neuropatia diabética, causando ulceração nos pés e progredindo para a infecção, a osteomielite e, em última instância, a amputação, resultando em impactos econômicos importantes para os pacientes, suas famílias e a sociedade.¹ 

Foi estimado em 2015 que a cada ano as úlceras nos pés se desenvolvem entre 9,1 milhões a 26,1 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo.² Além disso, espera-se que a incidência do pé diabético aumente devido às crescentes tendências na prevalência de diabetes e na expectativa de vida prolongada desses pacientes.³  

Nos países em desenvolvimento, 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera no pé durante a vida.³ Evidências recentes mostram que a incidência de úlceras nos pés ao longo da vida pode ser ainda maior, chegando até 34%.⁴ Diante disso, percebe-se que as úlceras nos pés e as amputações são mais frequentes nos países em desenvolvimento.¹ 

 

Impactos dos Custos no Tratamento 

Os estudos científicos apontam evidências limitadas sobre os custos da “doença do pé diabético” relacionados à hospitalização e ao atendimento ambulatorial. Estes custos são maiores em pacientes que possuem diabetes e úlceras no pé comparados aos pacientes que não apresentam lesão.  

Nos países em desenvolvimento, onde a incidência e prevalência é alta e o impacto com custos são elevados, essas informações são importantes para os gestores implementarem as políticas públicas de saúde em direção às melhores práticas para a prevenção e o tratamento das complicações crônicas da DM. 

Um estudo sobre os custos diretos da assistência médica ao DM tipo dois na América Latina demostrou uma variação de 2,5% a 15% dos investimentos nacionais em saúde, a depender da prevalência local e da complexidade do tratamento disponível. Por outro lado, nos países desenvolvidos estas taxas variam de 5% a 6%. 

O primeiro estudo desenvolvido no Brasil para estimar os custos anuais relacionados ao pé diabético identificou um ônus econômico significativo, referente ao atendimento ambulatorial e hospitalar, que variou entre Int$ 107,9 milhões a Int$ 731,6 milhões, ao considerar diversos parâmetros da literatura disponível. (1 Int$ = 1.748 BRL) 

Os parâmetros mais importantes que direcionam essa variação foram a proporção de pacientes com úlceras nos pés e os que precisam de amputação. 

O referido estudo estimou que os custos diretos anuais relacionados ao pé diabético em 2014 foram de Int$ 361 milhões. Deste montante, Int$ 27,7 milhões foram relacionados à internação e Int$ 333,5 milhões ao atendimento ambulatorial, o que representa 0,31% dos gastos com saúde pública para este período.  

Observando as despesas com hospitalização do SUS, o governo federal gastou Int$ 7,414 bilhões em 2014 e os custos com internações representaram 0,37% desse valor, confirmando as consequências econômicas substanciais das lesões no pé diabético. 

Um estudo retrospectivo acerca dos custos do DM na perspectiva do SUS e da sociedade foi realizado em oito cidades brasileiras selecionadas nas regiões noroeste ou nordeste, sul e sudeste, durante o ano de 2007, com o objetivo de estimar os custos diretos e indiretos do atendimento ambulatorial de 1.000 pacientes com diabetes tipo dois.⁸ O custo anual total para atendimento ambulatorial foi de US $ 2.108 por paciente, dos quais US $ 1.335 por paciente de custos diretos (63,3%) e US $ 773 por paciente de custos indiretos (36,7%). Pacientes com complicações microvasculares e macrovasculares tiveram custos mais elevados (US $ 3.199 por paciente) em comparação àqueles com somente complicações microvasculares (US $ 2.062 por paciente) ou macrovasculares (US $ 2.517 por paciente). A maior parcela dos custos diretos foi atribuída a medicamentos (48,2%). 

Diabetes gera altos custos tanto para o Sistema Único de Saúde quanto para a sociedade. Estes custos aumentaram junto ao tempo de existência da doença, nível de atendimento e presença de complicações crônicas, havendo uma necessidade de realocar recursos da saúde com foco na prevenção primária do diabetes e suas complicações. 

Sendo assim, intervenções efetivas na prevenção e no tratamento do pé diabético devem ser adotadas e gerenciadas adequadamente em todos os níveis de atenção à saúde. 

Desta forma, é indispensável fortalecer os serviços de atenção primária secundária e terciária à saúde, com o intuito de reduzir o impacto da doença, aumentar a efetividade do tratamento, principalmente por meios de melhores condições de serviços especializados de saúde, acessos à tecnologia inovadora e qualidade na assistência. 

  

REFERÊNCIAS  

  1. InternationalDiabetes Federation. Diabetes Atlas, 7th ed. Available online: http://www.diabetesatlas.org/ resources/2017-atlas.html (accessed on 11 April 2017). 
  2. Boulton, A.J.;Vileikyte, L.; Ragnarson-Tennvall, G.; Apelqvist, J. The global burden of diabetic foot disease. Lancet 2005, 366, 1719–1724. [CrossRef] 
  3.  Armstrong, D.G.; Boulton, A.J.M.; Bus, S.A.;Ingelfinger, J.R. Diabetic foot ulcers and their recurrence. N. Engl. J. Med. 2017, 376, 2367–2375. [CrossRef] [PubMed] 
  4. International Diabetes Federation. Diabetes Atlas, 8th ed. Available online:http://www.diabetesatlas.org/ (accessed on 22 November 2017). 
  5. Macinko, J.; Harris, M.J. Brazil’s family health strategy—Delivering community-based primary care in a universal health system. N. Engl. J. Med. 2015, 372, 2177–2181. [CrossRef] [PubMed] 
  6. Bolaños, R.A.R. et al.Costos directos de atención médica em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 em México: análisis de microcosteo. Ver Panam Salud Publica, v.28, p. 6, 2010. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v28n6a02.pdf   
  7. Toscano CM, Sugita TH, Rosa MQM, Pedrosa HC, Rosa RDS, Bahia LR. Custos médicos diretos anuais da doença do pé diabético no Brasil: um estudo sobre o custo da doença. Int J Environ Res SaúdePública . 2018; 15 (1): 89. Publicado em 8 de janeiro de 2018. doi: 10.3390 / ijerph15010089 
  8. Bahia, L.R. et al.The Costs of Type 2 Diabetes Mellitus Outpatient Care in the Bazilian Public Health System. Value in Health v.14, p. S137-S140, 2011. Disponível em: http://www.siencedirect.com/science/article/pii/S1098301511014252#  

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