A prescrição do equipamento coletor deve enfatizar a qualidade da assistência relacionada à segurança, proteção, conforto, praticidade e economia. Segurança no que diz respeito à adesividade do produto, controle do efluente, odores e ruídos. A proteção está relacionada à manutenção da pele íntegra. Deve ser flexível, discreto e garantir conforto, além de ter praticidade no manuseio, ser de fácil e simples aplicação, com remoção sem prejuízos à pele periestomia. É importante também que esteja acessível na rede de assistência pública e privada e apresente boa relação custo-benefício.1,2
As complicações com a estomia estão associadas ao aumento de custos mensais, sendo que a complicação mais prevalente é a dermatite. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que os pacientes com complicações tiveram maior custo total (204.970 USD), quando comparados aos que não desenvolveram esses agravos (126.747 USD). Essas complicações foram predominantes na ileostomia (43,8%), seguida da colostomia (35,3%) e da urostomia (7,7%).3
Portanto, a avaliação e prescrição dos cuidados às pessoas com estomia deve conter intervenções de prevenção de danos e tratamento da pele periestomia.4 O recurso mais utilizado para prevenção das dermatites é a utilização de um equipamento coletor adequado ao ajuste dos contornos abdominais, que permita a aderência segura e confortável. A convexidade, em determinadas situações, pode ser utilizada para manter esta conformidade entre o equipamento e a anatomia abdominal, evitando descolamento e vazamento precoce.5
O uso de adjuvantes também reflete em aumento dos custos mensais, como o pó para tratamento das dermatites e a pasta para preenchimento de irregularidades. Diante desta informação, é fundamental reforçar a necessidade de garantir a indicação assertiva das tecnologias, além das orientações sobre a manutenção e os cuidados com o equipamento coletor.6
O profissional de saúde tem como responsabilidade a seleção da terapêutica mais adequada à cada situação, sempre embasada em conhecimentos científicos e guiada pelo nível de conhecimento. Mesmo que a escolha pelo uso da tecnologia envolva aspectos políticos, sociais, éticos e culturais, atualmente os aspectos econômicos se tornam cada vez mais imprescindíveis. Visto o aumento na demanda nos sistemas de saúde (público e privado) e a insuficiência de recursos e profissionais, os próprios serviços de saúde trabalham constantemente na avaliação dos custos e benefícios de suas intervenções, a fim de garantir eficácia e resolubilidade.7
Referências:
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- Silva EN da, Silva MT, Pereira MG. Estudos de avaliação econômica em saúde: definição e aplicabilidade aos sistemas e serviços de saúde. Epidemiol e Serv saude Rev do Sist Unico Saude do Bras 2016; 25: 205–7.
- Taneja C, Netsch D, Rolstad BS, Inglese G, Lamerato L, Oster G. Clinical and economic burden of peristomal skin complications in patients with recent ostomies. J Wound, Ostomy Cont Nurs 2017; 44: 350–7.
- International T, Guideline O. WCET International Ostomy Guideline Recommendations. 2014; : 2–4.
- Stelton S, Zulkowski K, Ayello EA, et al. Tradução do Convexity Assessment Guide para a língua portuguesa. Adv Ski Wound Care 2019; 28: 1–8.
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- Secoli SR, Nita ME, Ono-Nita SK, Nobre M. Avaliação de tecnologia em saúde II. A análise de custo-efetividade. Arq Gastroenterol 2010; 47: 329.