A estomia é um procedimento cirúrgico que cria uma comunicação entre o órgão interno e o exterior. Sua nomenclatura está relacionada à localização anatômica desta abertura. Assim sendo, são definidas como estomias de eliminação quando há o desvio do trânsito intestinal ou urinário e a confecção de uma nova saída para eliminação do efluente.1 Dentre as principais indicações para tratamento estão as neoplasias malignas (principalmente a colorretal e vesical), as doenças inflamatórias intestinais, os traumas e causas externas (como acidente de trânsito, empalamento e armas de fogo ou branca).2
No Brasil, calcula-se que para cada ano do triênio (2020-2022) haja 625 mil casos novos de câncer. Destaca-se o câncer de colón e reto, titular do terceiro lugar em frequência na estimativa e importante motivador para confecção de uma estomia.3 Pessoas submetidas a este tipo de cirurgia podem sofrer variações físicas, psíquicas e sociais impactantes no modo de vida e por consequência acarretar o isolamento social.4 Assim, faz-se necessário, como parte da assistência prestada pelos profissionais de saúde, a busca por estratégias que auxiliem o processo de ressocialização. Para tanto, é essencial conhecer mecanismos facilitadores da reabilitação que promova uma assistência eficaz à adaptação da nova condição de vida.5
Dentre os aspectos fundamentais no cuidado da pessoa com estomia está a manutenção da pele periestomia saudável. A integridade desta pele interfere na adesão da base adesiva presente nos equipamentos coletores. Logo, quando há presença de lesão nesta região, o risco de vazamento aumenta e cria-se um padrão cíclico de danos à pele. O maior responsável pelas alterações cutâneas periestomia é o próprio efluente da estomia, considerado um irritante químico.6 Outras causas para o surgimento de perda da integridade da pele são: as lesões mecânicas (por perda superficial da pele durante a remoção de um adesivo), as infecções (como foliculite), as doenças de pele subjacentes (como psoríase e eczema), os distúrbios imunológicos (como dermatite de contato) e os distúrbios da pele que podem ter relação à doença abdominal primária (como malignidade ou doença de Crohn).7
Tendo em vista a importância da integridade cutânea periestomia no processo de reabilitação, torna-se indispensável a escolha assertiva do equipamento coletor. Este princípio norteador gerencia riscos e promove prevenção de complicações de pele periestomia. A prescrição do equipamento coletor sofre influências de múltiplos fatores, incluindo a determinação do tipo de base adesiva a ser utilizada. A avaliação integral da pessoa com estomia, considerando características do indivíduo, da estomia e aspectos emocionais pode determinar o tipo de base adesiva, que poderá ser plana ou convexa.
É frequentemente intensificada a busca por produtos que criem o selo seguro, isolamento e proteção da pele periestomia quando consideradas situações específicas como estomias planas ou retraídas, irregularidades abdominais e pregas cutâneas. Nestes casos, os produtos que incorporam a convexidade são importantes ferramentas para alcançar esse objetivo e podem representar a solução para o cuidado da pele quando relacionados a estas características.6
O enfermeiro assistencial, pacientes e familiares devem reconhecer as características de uma estomia normal e com complicações. Aos profissionais de saúde, principalmente aos enfermeiros, especialistas ou generalistas, está a responsabilidade da orientação para identificação dos mesmo e a prescrição de equipamento coletor para contenção do efluente da estomia. Este, prioritariamente, deve oferecer uma vedação segura e garantir a manutenção da integridade e proteção da pele periestomia. Para isso existem ferramentas/instrumentos para auxiliar os enfermeiros nesta escolha.8 Independente da evolução das técnicas cirúrgicas e da assistência a esse tipo de paciente ao longo dos anos, as complicações das estomias de eliminação podem surgir e representam redução da qualidade de vida do indivíduo e aumento dos gastos para os serviços de saúde.9
Referências
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